domingo, 1 de junho de 2008

Cão Sem Dono


Cão Sem Dono é o quinto longa metragem do diretor paulistano Beto Brant. E é o primeiro que não é baseado em obra de Marçal Aquino e o primeiro em que o parceiro desde os tempos de faculdade, Renato Ciasca, deixa de ser produtor e assina como co-diretor.


O filme, baseado no livro "Até o Dia em que o Cão Morreu" do gaúcho Daniel Galera, conta a estória de Ciro (interpretado pelo ator de teatro Júlio Andrade) , tradutor de literatura russa e Marcela (vivida pela atriz inexperiente Tainá Muller), modelo.

Marçal Aquino, que apresentou o livro aos diretores, ficou responsável pela adaptação da obra para a telona.

Apesar disso, Beto Brant, que não usa métodos muito ortodoxos de filmagem, resolveu produzir esse filme de forma experimental e praticamente dispensou o roteiro. Fato que fica óbvio no filme e chega a estragar um pouco.


Alguns pontos desse experimentalismo são muito legais , por exemplo: o ator morou no apartamento do personagem por toda a filmagem, junto com o cachorro do filme, o cachorro não teve direção nenhuma, os diretores não usaram nenhum cenário durante as filmagens e usaram praticamente só luz ambiente para a fotografia do filme (quase um Dogma).

Em compensação outros pontos decepcionam. A falta de roteiro fica evidente durante o filme (eu percebi fácil e não tinho lido nada a respeito disso antes de assistí-lo) por conta de diálogos vazios e pausas longas. As piores cenas são quando os atores improvisam em cenas de bebedeira ( a pior é o Ciro bêbado falando no telefone! A falta de desenvoltura do cara me lembrou o César Polvilho, do Pânico), chega a dar vergonha alheia.


Alguma exceções de improvisação boa ficam por conta dos atores que fazem o pai (Roberto Oliveira, ator de teatro) e o porteiro (Luis Carlos Vasconcelos Coelho, pintor que faz quadros sobre folhas de jornal, como os descritos no livro e convidado para o papel por conta disso) do protagonista. Os caras conseguem passar alguma naturalidade e deixam as cenas mais realistas.

No mais, rola um certa química entre o casal protagonista. Em uma das cenas parece até que a trepada deles é real.

No final me parece que a busca dos diretores pelo realismo acaba deixando o filme dificíl de assistir. E a improvisação evidente acaba quebrando qualquer sensação de realismo que o filme poderia passar. De real mesmo, fica o argumento, que parece tão real que chega a ser sem graça.


Download do filme aqui.